FOI PARA LIBERDADE QUE CRISTO NOS LIBERTOU
O Brasil viveu uma experiência de escravidão que marcou sua
história e deixou todo um País com grandes sequelas de racismo. O ser humano
desrespeitado, ferido na sua dignidade e liberdade. Foram tempos difíceis para
os negros: muitas famílias divididas, separadas a força em nome de um lucro
infernal e desumano. Foram necessários séculos para que a escravidão de negros
e índios fosse formalmente proibida.
Ainda não
distante deste sofrimento nos deparamos com o tráfico de pessoas que é uma forma de escravidão moderna, uma
violação dos Direitos Humanos que constitui um crime contra a dignidade humana
e contra a segurança do Estado, além de ser uma das formas mais brutais de
violência exercida sobre mulheres.
O Papa Francisco se expressou sobre a
questão muitas vezes. No último dia 12 de dezembro de 2013 em discurso a
embaixadores, definiu o fenômeno como “um crime contra a humanidade”.
Em novembro de 2013, o Pontífice promoveu, por meio da Pontifícia
Academia das Ciências, um congresso sobre o tema, com a colaboração das
Associações médicos-católicos de todo mundo (Fonte: Rádio Vaticano).
O tempo da Quaresma é o tempo forte à conversão e à mudança de vida.
Para nós, no Brasil, temos a Campanha da Fraternidade, refletindo sobre o tema:
“Fraternidade e tráfico humano” e
sobre o lema: “É para a liberdade que
Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Ela lança sementes para a construção de uma
sociedade fraterna e solidária.
Aos poucos, vai se mostrando a realidade cruel e vergonhosa do comércio de
seres humanos para as mais diversas finalidades, como o trabalho escravo, o
entretenimento, a exploração sexual, a adoção ilegal, a comercialização de
órgãos, entre outras. As vítimas, geralmente, são atraídas por promessas de
trabalho e emprego, boas condições de vida em outras cidades ou países. Pessoas
que buscam sair de situações difíceis para encontrar um pouco de serenidade e
de paz; um lugar melhor para si e para as suas famílias, mas não encontra
compreensão, acolhida, solidariedade!
Foi um desafio pertinente da CNBB, tornar público uma situação de
escravidão silenciosa. Segundo publicação da Diocese e Guarabira, Dom Francisco de
Assis Dantas de Lucena, no dia 14 de março deste ano, o
tráfico humano envolve o crime organizado, com uma complexa estrutura que
relaciona meios e fins para facilitar suas atividades; há aliciadores,
fornecedores de documentos falsos e de assistência jurídica, transportadores e
lavagem de dinheiro. Há rotas nacionais e transnacionais de tráfico de pessoas.
No Brasil, a Região Amazônica apresenta o maior número dessas rotas, seguida
pelo Nordeste. Cabe ressaltar que nenhuma cidade está livre dessa prática.
Um crime invisível e silencioso, seu enfrentamento é difícil; as vítimas
geralmente não denunciam, uma vez que elas passam a viver em situação de risco
e de constrangimento. Além da vulnerabilidade social e econômica, elas têm sua
dignidade degradada.
O cristão é convidado a ser profeta: Isso envolve o anúncio do
evangelho, o engrandecimento do Reino de Deus por meio da palavra e de AÇÕES
concretas como de mobilização denunciando
todo tipo de injustiça.
Jesus espera que façamos a nossa parte como missionários. Não
podemos fechar os olhos a essa realidade. Esses assuntos precisam ser
comentados em escolas, congressos, emissoras de TV e em todos os meios de
comunicação que tivermos a nossa disposição.
A semente foi lançada na terra pela CNBB. O cuidado para o seu
desenvolvimento depende de todo cristão batizado: comente sobre o assunto no
seu espaço de bate papo. Coloque-se contra o tráfico humano, comente na roda de
amigos, de colegas em sala de aula, nas faculdades e universidades.
Apresente-se. Seja católico, seja cristão.
José Carlos Gomes